quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tirania e Destino

A mitologia grega chegou até nós, em grande parte, pela Tragédia Grega. Esta forma literária presente nas peças teatrais de Sófocles, Eurípedes e Ésquilo conta-nos histórias de personagens divinos que nada mais são que uma autorreflexão de um povo com suas peculiaridades. A tentativa de explicar como o universo surgiu, ou como e para que os humanos surgiram ou os fenômenos naturais faz um reprodução de características humanas em seres divinos.
Os antigos gregos acreditavam que o homem e a comunidade em que viviam apresentavam uma medida correta, o que proporcionava ordem ao cosmos. Quando o homem pratica um erro, uma hamartia, comete uma desmedida, uma hybris, que provoca uma ofensa aos deuses e o destino corrigirá esse erro. Isto está presente na Tragédia Grega. Isso nos mostra como o destino (moira) era importante para o grego antigo.
Há dois governantes na Antiguidade. O basileus representa a normalidade das coisas, que ascende ao poder pela linhagem sanguínea e governa pelo bem dos súditos. E os reis tyrannos que representam a interrupção da normalidade no cosmos, chegam ao poder derramando sangue em guerras, por meio da força e da violência.
Uma obra que retrata isso é Prometeu Acorrentado de Ésquilo. Há uma inversão de papeis: Prometeu é um titã é justo e sábio, e Zeus apresenta uma característica dos titãs, a violência. Prometeu incorreu nas iras de Zeus por ter dado o fogo aos homens (Zeus queria destruir a humanidade) e não quis contar qual filho de Zeus o destronaria (o direito de sangue está muito bem defendido por Antígona de Sófocles, no qual todo sangue demarrado deve ser vingado, e foi como Zeus conquistou o trono, com guerra).
Aristóteles definiu o tirano como o governante despótico que visa o seu próprio bem em detrimento do bem da comunidade. Assim, a dúvida que surge é: como a tirania floresce no seio da humanidade? No Discurso da Servidão Voluntária, Etienne de la Boétie diz que só é possível a tirania porque os homens não se reconhecem como iguais. Com isso, no "mau encontro" que é a servidão juntam-se a vontade de servir e medo de não acatar às ordens do tirano.



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