Descartes foi (é) um dos mais importantes pensadores da história da humanidade. Foi ele que colocou o sujeito no centro da discussão como um ser racional. Com isso, cada indivíduo pode perseguir seus próprios desejos, não estando mais preso à vontade da comunidade. Mas como Descartes desenvolveu esse pensamento?
No fim da vida, Descartes resolveu revisar toda sua filosofia. Isto se deu pela “dúvida hiperbólica”, isto é, ele duvidou de tudo. Pelo Princípio da Suspensão do Juízo (epoché), ao analisar uma questão se não conseguir decidir se ela está certa ou errada, suspende a análide desta questão e passa-se a analisar a seguinte, já que ao entender as questões subsequentes pode ajudar na compreensão da questão suspendida. Assim, deve-se duvidar de de tudo que não se tenha 100% de certeza. Se tiver 99,99% de certeza deve-se duvidar e suspender o juízo.
Assim, Descartes começa a questionar se Deus existe, se a alma é imortal, até que ele chega a uma pergunta essencial para a Modernidade: “eu existo? Tenho um corpo?”. Para tentar responder a essas perguntas, Descartes analisa as faculdades da mente: sentido, imaginação e razão.
Os sentidos fazem com que o que é externo à mente torne-se interno. Por exemplo, quando vemos um vulto pensamos ser um fantasma, mas pode ser apenas o vento. Com isso Descartes conclui que os sentidos nos enganam, não sempre, mas o problema é que quando ele nos engana não sabemos que estamos sendo enganados (o que faz com que acreditemos em fantasmas).
Passando a analisar a imaginação, ou seja, o poder da mente de representar objetos, Descartes diz que imaginamos ter um corpo, sem usar os sentidos, mas isso não quer dizer que tenhamos um corpo, como por exemplo quando sonhamos parece ser realidade, mas não é. Descartes conclui que a imaginação tem um defeito inerente que é a incapacidade de imaginar o real (como uma figura geométrica de 1000 lados) e a capacidade de representar o irreal (quando sonhamos que temos um corpo).
Após decartar as duas faculdades mentais, Descartes passa a analisar a razão. E ele conclui que também a razão não é capaz de responder o que eu sou, pois e se um deus maligno (demônio) me criou com uma razão que me engana (como acreditar que 2+2=5). Com a análise das três faculdades mentais, Descartes critica as evidências empíricas e a tripartição da alma de Aristóteles.
Descartes chega a conclusão de que existe um eu/ego/mente/ indivíduo pelo simples fato de que há dúvida de que existe. Se há dúvida, há 100% de certeza da existência. Duvido (penso), logo existo.
Ao dar o exemplo da cera, Descartes conclui que temos um corpo. Os sentidos (gosto, cheiro, visão) dizem-nos que a cera existe, mas podemos estar imaginado que ela existe. Se aquecermos a cera ela evaporará, mas a extensão (espaço) da cera evaporada continua. Assim, a extensão é uma ideia inata, revelada pelo Cogito. O corpo ocupa espaço, ma a mente (alma) não. A alma é imortal, por não ser extensa, não se subdividir. O corpo morre, pois ele subdivide-se. Com isso, homem e animal tem corpo, mas apenas o homem sabe que tem corpo, pois só se sabe se tem mente. Descartes conclui que é muito mais certo que tenhamos uma mente que um corpo. Assim, o homem é um ser que pensa.
Mas e o outro? O outro é apenas um corpo, não pensa, pois um Deus bondoso me criou com mente, mas criou os outros parecidos a mim que agem como seres programados, somente para eu não me sentir solitário. Com isso, o egoísmo é a própria Modernidade, pois se tenho uma mente tenho dignidade, mas se o outro é apenas um corpo, porque tenho que tratá-lo como um igual?
Que viajado mano
ResponderExcluirExcelente...
ResponderExcluir